quinta-feira, 29 de março de 2012

Etiqueta na Escola


É comum a gente ouvir que o conhecimento modifica as pessoas.

Como a escola trabalha com o conhecimento científico, a aposta nesta instituição para melhorar as pessoas, e consequentemente a sociedade, significa afirmar que o conhecimento científico, por si só, é capaz de humanizar, de educar e de favorecer a relação interpessoal.

É neste contexto que informações sobre etiqueta, comunicação e relações interpessoais são deixadas de lado. Entretanto, parece mesmo que o nível cultural das pessoas não está diretamente relacionado à competência para tratar o outro, o que influencia na realização de trabalhos em grupo e de outras ações coletivas.

Talvez seja por isso que, na escola, estudantes manifestam um comportamento extremamente individualista: não se comprometem com os colegas; não cumprem a sua parte em trabalhos coletivos; não criam laços de afetividade, respeito e amizade com colegas de sala nem com professores. Pelo contrário, o resultado tem sido uma educação individualista onde pressupõe-se que o saber de cada um pode produzir um saber coletivo. Entretanto, de que vale um grupo que tem acesso à escola se ninguém sabe conversar, trocar ideias, respeitar o outro, trabalhar em grupo, assumir responsabilidades?

Por outro lado, são tantas as obrigações que tem recaído sobre a escola e seus profissionais, que fica até difícil definir o papel da escola na atualidade. Se, por um lado, esta instituição deve se comprometer com a socialização de seus membros, por outro um trabalho bem feito precisa de boa remuneração, boas condições de trabalho, tempo para preparação de atividades e formação profissional de qualidade (de verdade!). Logo, dizer que a escola tem que ensinar etiqueta é colocar mais uma responsabilidade para uma instituição que já tem que fazer muita coisa dentro de um contexto por vezes pouco favorável para o processo de ensino-aprendizagem.

Não se pode negar, porém, que são os professores os facilitadores das atividades que eles mesmos propõem. Pensando assim, cabe aos professores a mediação dos conflitos existentes na escola. Para tanto, lançar mão de conhecimentos sobre etiqueta, relações interpessoais e comunicação são de grande ajuda porque tratam estes conflitos como parte do processo de construção do saber e das relações dentro da escola. Vistas desta forma, as diferenças tornam-se oportunidades de aprendizado: em um trabalho coletivo, o conflito faz parte do processo e deve ser resolvido da melhor forma possível, ou seja, com todos ganhando no final.