Etiqueta em Fatos




Boas e Más Maneiras...


Muitos comportamentos que temos atualmente surgiram na Idade Média (não, não era uma "Idade das Trevas"): não fazer barulho ao tomar qualquer líquido com a colher; não mergulhar o pão na travessa depois de mordê-lo; lavar as mãos antes de comer; não colocar os cotovelos em cima da mesa.

Entretanto, há recomendações que hoje soam até engraçadas: não assoar o nariz à mesa; não coçar a garganta com as mãos mas com o casaco; não devolver o que colocou na boca para a travessa; não limpar os dentes com a faca; não cuspir em cima ou por cima da mesa; não soltar gases à mesa... Orientações inexistentes (e desnecessárias) nos livros de etiqueta de hoje em dia, não é mesmo?


REFERÊNCIA

ELIAS, Norbert. O processo civilizador. 2 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1994. pp 73-82.

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Etiqueta para Mulheres

Se hoje mulheres e homens lêem este blog, ou livros de etiqueta, e não encontram um tratamento diferenciado para o comportamento feminino e masculino é porque houve uma transformação nas regras de comportamento: já houve uma época na qual os manuais de boas maneiras orientavam as mulheres a não beberem, a ficarem caladas e a se ocuparem com artesanato durante as viagens, enquanto aos homens era permitido beber, conversar e ler (p. 27).

Este é o registro histórico publicado na Europa, mais especificamente em Paris na segunda metade do século XIX, adotado pelas famílias abastadas brasileiras da época para dar o adequado tom de civilidade ao comportamento nas vidas pública e privada.

O último capítulo do livro "Código do Bom-Tom", intutilado "A Eugênia, em particular" trata, especificamente, do comportamento feminino.

Dentre os conselhos estão: manter dentes, orelhas e unhas limpos em dias de festa ou baile; lavar o rosto diariamente ao se levantar; tomar um banho por mês (e não se demorar muito); evitar o uso de perfumes que, além de fazerem mal à saúde, chamam a atenção dos homens; usar sapatos bem cuidados e evitar que sejam apertados demais; não se curvar à moda porque esta é inconstante; saber fazer as tarefas dos criados para saber mandar; evitar o sedentarismo (p. 378-396).


Adaptação do texto de ROQUETTE. J. I. Código do bom-tom ou regras da civilidade e de vem viver no século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 400p. (Retratos do Brasil).


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Erasmo de Rotterdam


Não franzir as sombrancelhas; não assoar o nariz fazendo barulho; ao bocejar deve-se cobrir a boca com um lenço ou com as mãos; os dentes devem ser mantidos limpos; não se deve fazer fofoca ("falar mal das pessoas ausentes"); : estas e tantas outras regras de comportamento fazem parte do livro "Civilidade Pueril", escrito em 1530 por Erasmo de Rotterdam, filósofo, teólogo e humanista que atuava como preceptor (professor particular que ficava por conta da educação de uma criança ou adolescente).

Esta obra complementa a concepção de educação do autor descrita no livro "De Pueris" (dos meninos) e mostra a relevância que se dava, na época, para as boas maneiras ou "regras da civilidade", principalmente na educação das crianças ricas.

Entretanto, Erasmo de Rotterdam vislumbrava uma educação que fosse acessível a todas as crianças e defendia que à educação da alma deveria se somar a educação do corpo, a etiqueta. Ainda segundo Rotterdam, sem ser educado, sem aprender, "o homem não passa de um animal inútil".

Trata-se de um autor que rompe com a educação vinculada à Igreja através de uma visão humanista do processo educativo.



REFERÊNCIAS

Erasmo de Roterdã: o holandês anunciou o fim do domínio religioso na Educação e defendeu a importância da leitura dos clássicos. Educar para Crescer online. Disponível em http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/erasmo-roterda-307345.shtml. Acesso em 17 de abril de 2012.

ROTTERDAM, Erasmo de. A civilidade pueril. IN: ROTTERDAM, Erasmo de. De pueris (dos meninos). 2.ed. São Paulo: Escala, 2008. pp.132-187.


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História do Garfo

O garfo foi introduzido na Europa, mais especificamente em Veneza, no século XI. Trazido pela princesa bizantina Teodora, por ocasião de seu casamento, o garfo era um talher até então desconhecido na Europa.

De ouro e com apenas dois dentes, foi alvo de críticas por parte da Igreja porque a forma do garfo lembrava a forma da lança utilizadas pelo demônio para torturar aqueles que iam para o inferno.

Entre o século XI e o final do século XVII surgiu o terceiro dente e até o final deste, o quarto (para facilitar o consumo do espaguete que escorregava no garfo de três dentes).

A data para o início de sua utilização varia em diferentes países europeus e no Brasil não é utilizado até o século XIX.



REFERÊNCIAS

As boas maneiras à mesa com uso do garfo. Disponível em: http://saibahistoria.blogspot.com.br/2009/07/boas-maneiras-mesa-com-o-uso-do-garfo.html. Acesso em 10 de abril de 2012.


FRUGONI, Chiara. Invenções da Idade Média: óculos, livros, bancos, botões e outras inovações geniais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2007


História dos talheres. Disponível em http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-dos-talheres/historia-dos-talheres.php. Acesso em 10 de abril de 2012.


LIMA, Cláudia. Tachos e panelas: historiografia da alimentação brasileira. 2 ed. Recife: Ed. da autora, 1999. 310p.


RIBEIRO, Renato Janine. A etiqueta no antigo regime. 4 ed. São Paulo: Moderna, 1998. 63p.


The history of the forks. Disponível em http://www.hospitalityguild.com/History/history_of_the_fork.htm Acesso em 10 de abril de 2012.

Veja a imagem de um dos primeiros registros iconográficos da utilização do garfo na Europa.